segunda-feira, 21 de junho de 2010

Patrimonialismo existente em todos os cantos

O termo patrimonialismo foi concebido por Weber, para se referir a formas de dominação política em que não existem divisões nítidas entre as esferas de atividade pública e privada, Para Max Weber, patrimonialismo era um tipo de dominação tradicional, se apropriando da burocracia pública pela via pessoal, direta, de mando.

É a característica de um estado ou de um governo que não distingue a diferença entre o que é publico do que é privado. Onde os governantes gastam o dinheiro publico de formas erradas buscando mais o beneficio próprio ao coletivo. Também pode ser a forma de ajudarem seus aliados políticos utilizando o poder que lhe é mantido para este ou aquele beneficio e que de uma forma ou outra é o mesmo que ajudar a si próprio, deixando a liberdade dos ajudado, amarrada em seus interesses. Temos varias formas de patrimonialismo em diversas situações nosso atual governante leva esse conceito de patrimonialista ao pé da letra, gastando o erário publico de forma a se beneficiar exemplos;
Deslocamento dos moradores da favela da guarda mirim construindo prédios no lugar dos barracos, muito bom isso não fosse seu luxuoso condomínio a 500 metros do local, ou seja valorização de seu imóvel e ainda o fato de “ajudar” os moradores da favela.

Para quitar um acordo político em beneficio de sua eleição hoje são alugados boa parte da frota de táxi de foz para uso da prefeitura, ou seja, dinheiro gasto sem necessidade pois a prefeitura já tem sua própria frota de veículos.outro local onde existe a secretaria de saúde existem varias salas vazias onde poderiam ser encaixadas varias secretarias pequenas, evitando assim gastos. Contratação de cargos de confiança o famoso “cc” onde na sua maioria são cargos fantasmas descompromissados com seus cargos e sim compromissado com quem o colocou.

Lá é que ninguém jamais os viu em ação, outras formas corriqueiras dessa ação é funcionário publico que se utiliza de bens públicos como carros da prefeitura para buscar seus filhos na escola ou fazer compras em supermercados ou viagens particulares.isso é prática patrimonialista que infelizmente está na raíz da cultura do povo brasileiro desde a chegada da família real no Brasil. Esses são alguns poucos exemplos de nosso mais próximo governante. Mas ainda existem outros tipos de patrimonialismo e todos estão ligados com corrupção e nepotismo. A única forma de combater o patrimonialismo é na base da democracia. Onde devera ser colocada no foco somente o que venha a beneficiar o coletivo. Tirando de vez da cultura e das praticas de políticos esse endeusamento de quando se esta no poder.


Condomínio fechado pertencente ao prefeito de Foz

Outra sede da prefeitura de Foz do Iguaçu



Prédio de uma das sedes da prefeitura de Foz do Iguaçu


Texto e fotos de Sílvio Vera

O Jeitinho Brasileiro e a Modernidade

São duas realidades opostas, mas, no mesmo tempo convivem e caminham em conjunto. Pois, ambos estão presentes nos domínios urbanos e impessoal. O jeitinho nasce justamente do encontro da regra impessoal com a pessoalidade do sistema. (BARBOSA Lívia - O Jeitinho Brasileiro, Rio de Janeiro, 1992).

Alberto Guerreiro Ramos, em sua obra “Administração e estratégia de desenvolvimento” enfatizou que o surgimento do “jeitinho” está ligado às estruturas arcaicas e pré–industriais, as relações familiares e clânicas, fadado ao desaparecimento com a modernização. A realidade atual em que vivemos é uma mistura entre a modernidade marcada pelo desenvolvimento, crescimento científico e tecnológico e o jeitinho que se trata de forma estrita na sociedade.

Já o autor Roberto Campos em seu ensaio “A técnica e o riso” nos mostra que o “jeitinho” está ligado a três fatores principais. A origem histórica, a relação com a lei e a atitude religiosa.

O primeiro fator nos remete ao feudalismo que por ter sido um sistema rígido no que tange as relações entre servos e senhores, deu margem a utilização de “jeitinhos” para a sobrevivência. Como o feudalismo marcou presença por mais tempo nos países latino-americanos, estes herdaram o “jeitinho” com mais intensidade.

A questão das leis também nos mostra o porquê do “jeitinho” ser adotado com mais freqüência nas sociedades latino-americanas do que nas anglo-saxônicas. Nos primeiros a lei é baseada em um sistema apriorístico e formal de relações, enquanto na Inglaterra a constituição é normativa.

O terceiro ponto levantado por Campos é a questão religiosa. Nos países latinos a religião católica domina e a tradição desta se faz por um dogma rígido e intolerante, enquanto nos países onde a maioria é protestante as mudanças ocorrem na medida em que a situação exige, sem a morosidade da religião católica.

Roberto DaMatta, (O que faz o Brasil, Brasil) identifica o “jeitinho” de maneiras distintas, dentre elas destacam-se três:

• “jeitinho” como uma maneira de se resolver problemas que vão ao encontro de alguma norma, proibição ou lei;
• como uma dificuldade das pessoas de se verem como iguais perante as leis; e
• como um ato próximo à corrupção, revelando a malandragem social do brasileiro.

No caso de corrupção, Lívia Barbosa afirmou que veio da tradição portuguesa, que possui a tolerância com a corrupção, que era famosa na Europa desde século XVII, assim como foi a expressão que tornou conhecido o político Ademar de Barros (interventor e governador de São Paulo), “Rouba, mas faz”. Isso gera uma baixa expectativa de serviço público honesto.

Para DaMatta, o “jeitinho” é o resultado da distinção que existe na sociedade brasileira entre a noção de indivíduo e de pessoa. Para ele as duas noções operam simultaneamente, desde o processo de formação do Brasil, constante numa dialética que interfere incessantemente na operação do sistema social. É possível fazer funcionar o “jeitinho” porque o assunto começa sempre com alguém que conhece alguém que pode ajudar a resolver mais rapidamente e com menos complicações e burocracia uma situação dada.

Dessa forma, utilizar o “jeitinho” em determinadas situações consiste em uma alternativa para os brasileiros. As normas estabelecidas não representam um obstáculo visto que elas podem ser contornadas ou interpretadas de outra forma.

Considerações finais
No mundo moderno, neste século XXI, a prática do “jeitinho” não é uma característica psicológica do brasileiro e sim um subproduto do formalismo, porque é por meio desta característica que a organização desenvolve possibilidades de dar e negar, vetar e consentir. Sua prática é mais permissível e socialmente aceitável naquelas organizações em que o processo de burocratização ainda não consumou sua hegemonia.

O “jeitinho” não pode deixar de ser, portanto, um recurso de poder na medida em que distingue os que podem e os que devem, os que têm e os que não têm, enfim, as pessoas e os indivíduos, quando é necessário encontrar uma saída onde as regras não são favoráveis.

Por Willibrodus Paulus

Enquete sobre o patrimonialismo


O patrimonialismo é a característica de um Estado que não possui distinções entre os limites do público e os limites do privado. Foi comum em praticamente todos os absolutismos.

O monarca gastava as rendas pessoais e as rendas obtidas pelo governo de forma indistinta, ora para assuntos que interessassem apenas a seu uso pessoal (compra de roupas, por exemplo), ora para assuntos de governo (como a construção de uma estrada). Como o termo sugere, o Estado acaba se tornando um patrimônio de seu governante.

Tal postura se instaurou na Europa pelos germanos que invadiram Roma. Os romanos tinham por característica a república, forma onde os interesses pessoais ficavam subjugados aos da república. Os bárbaros que aos poucos foram dando forma ao Império decadente, tinham o patrimonialismo como característica, onde o reino e suas riquezas eram transmitidas hereditariamente, de forma que os sucessores usufruiam dos benefícios do cargo, sem pudor em gastar o tesouro do reino em benefício próprio ou de uma minoria, sem prévia autorização de um senado.

No Brasil, o patrimonialismo fora implantado pelo Estado colonial português, quando o processo de concessão de títulos, de terras e poderes quase absolutos aos senhores de terra legou à posteridade uma prática político-administrativa em que o público e o privado não se distingue perante as autoridades. Assim, torna-se "natural" desde o período colonial (1500-1822), perpassando pelo período Imperial (1822-1889) e chegando mesmo à República Velha (1889-1930) a confusão entre o público e o privado.

O patrimonialismo é uma ideia essencial para a definição do "Homem Cordial", conceito idealizado por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil.

Os brasileiros, de forma geral, são patrimonialistas. Na academia, no parlamento, no espaço publico, nas instituições coercitivas. Sergio Buarque de Holanda e Roberto DaMatta frisaram isto. DaMatta foi mais criativo academicamente: mostrou que a casa e a rua às vezes se confundem. No caso, a casa é o privado. A rua é o público. O cientista político Alberto Carlos Almeida mostra em diversas obras, através de pesquisas de opinião, que a sociedade é patrimonialista. Recentemente o presidente Lula afirmou que quando era deputado concedeu as passagens que recebia da verba parlamentar para sindicalistas. E que não via problema nenhum que parlamentar dê passagens para as esposas. Membros da oposição não condenaram o presidente. Ao contrário, o defenderam. Nas pesquisas de opinião de Carlos Alberto Almeida e na recente pesquisa realizada por este grupo, constatou-se que o brasileiro tem exagerada afeição pelo estado. Como bem define o ex-ministro e economista Delfim Netto: no Brasil está presente a estadolatria. Essa estadolatria talvez ajude a explicar nossa vocação patrimonialista.

Foi realizada enquete na cidade de Foz do Iguaçu, em dois bairros e no centro da cidade, entre os dias 12 e 19Jun2010. A enquete contou com a participação de 63 pessoas e foi elaborada com as seguintes perguntas:

1. Você acha importante a presença do Estado na vida das pessoas?
( ) Sim ( ) Não

2. Você acha justa a carga tributária cobrada aos brasileiros?
( ) Sim ( ) Não

3. Você julga que recebe serviços públicos a altura dos impostos que paga?
( ) Sim ( ) Não

4. Você julga que o governo federal aplica bem o dinheiro que arrecada dos contribuintes?
( ) Sim ( ) Não

5. Você considera corretos programas como ‘vale-cultura’ a ser implementado pelo governo?
( ) Sim ( ) Não

6. Você considera correto o seu representante parlamentar condicionar seu apoio ao governo mediante o voto?
( ) Sim ( ) Não

Para a primeira pergunta, as respostas SIM totalizaram 49 pessoas (77%); para a segunda, 51 pessoas (81%) e para a terceira, 42 pessoas (66%). Para a quarta pergunta, 39 pessoas responderam SIM, ou 61% delas; na quinta pergunta 53 pessoas disseram estar de acordo com a criação do ‘vale-cultura’ (84%) e outros 46 apoiam a idéia de seu representante parlamentar apoiar o governo com seu voto em troca de alguma vantagem (73%).

O resultado da enquete, portanto, demonstra claramente nossa característica patrimonialista enquanto povo. As pessoas que responderam a enquete mal se dão conta desta questão. Se se considerar que em um sistema patrimonial não há cidadãos e sim súditos, tudo se resolverá através de um sistema de trocas regido pelo favorecimento pessoal a partir de quem detém o poder e pela lealdade dos ‘súditos’.

Por Idgar Dias Junior

Hierarquia nas culturas

Hierarquia
Quando pensamos sobre um conceito para hierarquia, a primeira coisa que vem a nossa cabeça é sobre as relações de autoridade, que se estabelecem entre superiores e subordinados. Quanto maior as diferenças sociais, maiores serão os efeitos dessa subordinação no desenvolvimento geral de uma cultura.

A cultura capitalista permite muitas formas de administração

Nosso entrevistado para fazer uma abordagem sobre as influencias da hierarquia nas diferentes culturas é o Sociólogo-Mestre Alexsandro Araújo e professor de Geopolítica da UDC em Foz do Iguaçu.

O professor Alexsandro nos apresenta uma leitura capitalista para a cultura, nela a indústria cultural se encarrega de negociar a produção, interferindo em todas as etapas do processo. Dentro desse meio a hierarquia atua como ferramenta de seleção das pessoas, na aplicação das regras e também na definição dos papéis sociais dos indivíduos em uma sociedade.

A Cultura é hierarquizante, de que maneira?
Toda cultura é por definição hierarquizante. Quando ela seleciona, defini, estabelece procedimentos, impõe regras, ela está hierarquizando. Quando se estabelece critérios de idade, quando se defini papéis sociais, quando se afirma o que pode e o que não pode, temos aí hierarquias.
Algumas culturas são dominadas de diferentes formas

Quando levamos em consideração apenas as relações entre os sujeitos, constatamos as mais diversas formas de hierarquias advindas daquilo que foi convencionado culturalmente. A cultura é hierarquizante por definição, logo, ela é reacionária.

Como a existência de hierarquias prejudicam as relações em uma sociedade democrática?

Antes de tudo devemos nos perguntar se sabemos o que é democracia. Não vivemos de forma democrática e acho até que muitos de nós não conseguiria viver em uma sociedade democrática. Pode não parecer, mas uma vida democrática exige muito de cada um, exige comprometimento com certos princípios, sobretudo com aqueles princípios que requerem de nós tolerância com a diferença (ou com o diferente).

Uma vida democrática se encontra mais próxima de uma experiência com a natureza do que com a cultura. Diria que só a natureza é democrática. Não vejo as culturas como espaços democráticos. Democracia e caos andam muito próximos.

Qual a sua definição para cultura popular e cultura de massa, e qual a relação entre elas?

Eu não tenho uma definição própria para nenhum dos dois conceitos. Esses são conceitos correntes na literatura das ciências sociais. Devemos à Escola de Frankfurt a criação de conceitos como indústria cultural, cultura de massa, entre outros. Comumente chamamos de cultura de massa aqueles aspectos da cultura produzida para a população em geral, sem que sejam levadas em conta as diferenças sociais, étnicas, etárias, sexuais...
Trata-se basicamente daquilo que é veiculado pelos meios de comunicação de massa. Nesse sentido, entende-se por cultura de massa aquelas manifestações culturais produzidas de forma genérica para o “povo”, mas, sem nunca se interrogar quem faz parte desse “povo”, quem é esse “público”. Diz-se também que a cultura popular é a cultura de um “povo”, a cultura que nasce como resultado das interações contínuas entre pessoas de determinada região. Neste sentindo, ela abarcaria várias áreas: crenças, artes, moral, linguagem, idéias, hábitos, tradições, usos e costumes, artesanato, folclore, etc. De fato, eu não sei se é possível hoje fazemos uma diferenciação tão clara entre uma e outra. A meu ver o que temos é uma só cultura, usando uma expressão de Felix Guattari, a cultura capistalística. Uma cultura que se mostra presente em todos os campos de expressão.

No Brasil, a classe dominante reconhece e valoriza a cultura popular ou apenas se aproveita do que lhe interessa?

Em geral há uma associação entre cultura popular e classes subordinadas que, como resultado de certas operações de poder, seria pensada como inferior. Essa maneira de pensar não me agrada muito. Eu entendo que a forma como abordamos o conceito de cultura deve mudar de foco. O que quero dizer com isso? Como afirmei acima, há hoje uma só cultura, a cultura capitalística, e ela domina a nossa produção cultural. Não existe uma cultura a priori, anterior ao tempo, trata-se sempre de cultura produzida, reproduzida, modificada, e como resultado disso o que temos é um campo de lutas entre diferentes grupos sociais em torno de quem pode ou não impor o significado.

Incomoda-me esses teóricos que colocam certos grupos na posição de vítima. Não há posição mais indigna do que a de vítima, sobretudo quando o grupo assume essa postura. Gosto de pensar em termos de confrontos: há grupos em confrontos, e tanto um quanto o outro se aproveitam do que pode para ganhar espaços.
Como a educação fundamental influência na formação cultural de uma nação?

Eu diria que de forma expressiva. A educação transmite os aspectos que são interessantes para manutenção da nação e eu não consigo dissociar nação de Estado, ou seja, a educação cumpre o papel que o Estado lhe dar. O Estado transmite aquilo que lhe possibilita exercer um controle mais fácil. A educação cumpre o seu papel, e o papel dela numa sociedade como a nossa é servir de mecanismo de controle – controle das ações, do saber, do pensamento, etc.

Tenhamos por um momento como referência as escolas. A gente se engana quando pensa que o tipo de educação que recebemos nas escolas traz em si alguma função libertadora ou esclarecedora no sentido de tornar cada sujeito alguém capaz de entender claramente o que se passa no mundo e o que determina nossa relação com ele.

É Foucault quem fala dos corpos dóceis. E as escolas funcionam como fábricas de corpos dóceis. Para que se entenda melhor, um corpo dócil é um corpo que se fábrica conforme as necessidades do Estado e do seu funcionamento. Com a utilização de certas ações disciplinares um corpo pode ser manipulado, treinado e controlado e o que temos é um corpo submisso e exercitado. Essa disciplina que produz corpos dóceis é uma forma de dominação. Por meio de métodos coercitivos, disciplinares, obtém-se um corpo tanto mais obediente quanto útil. Enfim, seriamos livres se não existissem escolas.

Como a presença de uma cultura estrangeira – filmes, novelas, imprensa - prejudica no desenvolvimento da identidade de uma outra nação?

Devemos entender que a cultura não é estática, ela encontra-se sempre em movimento: invenções dos mais diversos tipos, a difusão espontânea ou forçada de aspectos culturais de uma sociedade para outra, são exemplos dos mecanismos que podem possibilitar a dinâmica cultural. Há, com certeza, mudanças em todos os sentidos, algumas possibilitam melhoras e outras pioras nas relações sociais. Mas sempre há conflitos, sobretudo em tornos dos interesses envolvidos.

O conceito de identidade não é um conceito fácil de ser trabalhado. Sobre a importância e as implicações do conceito de identidade eu tenho mais perguntas que respostas: será que o que determina um comportamento é a ligação com uma identidade? Quais as implicações dos regulamentos que cada identidade traz na construção das relações? Será que aquilo que dá sentido ao que somos se encontra vinculado a obediência a um conjunto de códigos de um grupo específico, uma ideologia, uma crença, uma política? Será que é a identidade que nos permite viver?

Como as relações estão se apresentando, como as formas de vida estão sendo experimentadas, penso que a maneira como os sujeitos, os grupos e as sociedades organizadas em torno das identidades são mais produtores de desordens do que aqueles sistemas que estão tentando se organizar e se desenvolver fora deste esquema de identificação.

A indústria cultural promove ou prejudica a formação da cultura popular?
Segundo teóricos como Adorno e Horkheimer os produtos advindos da indústria cultural tendem a fetichização e são consumidos porque são considerados um sucesso e não pelo fato de possuírem alguma qualidade estética intrínseca, o que seria ruim. Entretanto, e isso é um ponto delicado dessa teoria, tal forma de pensar pode desaguar em um elitismo tão perigoso quanto aquilo que tenta combater, pois ao comparar a passividade do consumidor à uma atitude reflexiva saída de uma “cultura erudita” eles desconsideram o fato de que essa produção pode e é apropriada em diversos sentidos pelo consumidor.

A indústria cultural domina todas as etapas do processo

A arte não tem a função de salvar nada nem ninguém, ela não possui um significado por si, para que ela adquira sentido devemos valorá-la. Sendo assim, gosto de entender a arte como algo que deve ser fonte de vida e de força, não de fraqueza e coisas melosas.

Em tempos no qual a mídia e grande parte dos artistas servem apenas a eles mesmos, o controle das formas de expressão é a melhor maneira de subjugar os sujeitos. Alguém sem informação não consegue pensar para além do pouco que conhece. Quanto mais miserável é o meu mundo, mais limitado eu sou. Tornar-se ao menos um pouco culto é abrir-se para a possibilidade de criação de novas formas de ser e ver o mundo no qual estamos inseridos. Sem isso estamos fadados a uma vida pobre. Muitos precisariam de aulas para compreender a riqueza do que é dito, por exemplo, em um filme como Matrix, que é produto da indústria cultural.

É certo que há muitos interesses sacanas, gananciosos e mesquinhos por trás da promoção de uma cultura mercadológica, isso todos sabemos (ou deveríamos saber), entretanto, o maior problema se encontra no fato de que com ela nossas medidas de comparação ficaram embaralhadas, ou seja, estamos confundindo aquilo que possibilita vida com aquilo que nos deixa satisfeitos (numa espécie de satisfação efervescente e refrescante).
Mas o problema é muito maior, tem a ver com a forma como o capital está consumindo nossas vidas. Numa sociedade como a nossa, na qual a maioria das pessoas vive como escravos em trabalhos desconfortáveis e sem significado algum além do salário, em função rotineiras e cansativas, tendo que refazer isso durante a semana, o mês, o ano inteiro, em média oito horas por dia, não vai fazer tudo isso com prazer e alegria.
E mesmo que o salário seja bom ele não ameniza o sofrimento dessa rotina. Pessoas que se encontram numa situação assim, quando param para descansar ou relaxam procuram um entretenimento fácil. Infelizmente a grande maioria das pessoas, independentemente da idade, satisfazem-se com coisas idiotas e porcarias fáceis de consumir.

Por Nilton Rolin e Bruno Zanette

E o tal jeitinho brasileiro...

Abaixo você verá um vídeo mostrando o clássico "jeitinho" brasileiro, tão comum entre as pessoas que formam nossa sociedade.



Imagens e edição: Luciano Alves